Empresário Amândio Assis foi pioneiro na comercialização de caracol pronto a comer |
A unidade fabril, que funciona em modernas instalações, edificadas há dois anos, emprega actualmente 17 pessoas, dos concelhos do Sabugal, Almeida e Pinhel, e é uma referência no sector, tendo sido pioneira no ramo. “Nós fomos os primeiros e somos os maiores em caracol. Fomos nós que tivemos o segredo do caracol pronto a comer, para vender nos bares, ao contrário daquilo que outros dizem”, garantiu ao Jornal A Guarda o gerente Amândio Assis.
O empresário recordou que a ideia de apostar no negócio “surgiu aqui na Cerdeira, há cerca de 30 anos, quando montei um café e estava a lavar caracol”. Naquela altura, Amândio Assis preparava caracol para vender ao balcão do seu estabelecimento mas, depois decidiu “levar o caracol para os outros bares”. “Foi a partir daí que surgiu a ideia”, lembrou. “Foi muito complicado implementar o caracol na nossa terra. Quem é que gostava de caracol há 30 anos? No entanto, como é um produto bom, as pessoas começaram a gostar e o caracol pronto a comer começou a propagar-se”.
Com a aposta ganha, o empresário decidiu construir uma moderna unidade fabril, sem qualquer tipo de subsídio, e actualmente “dá cartas” a nível nacional e internacional, possuindo uma frota automóvel de 8 veículos que assegura a distribuição dos produtos. “Temos clientes em todo o território nacional. Só nos falta conquistar o Algarve. Estamos a vender para o Intermarché e estamos a fazer marca linha branca para um fornecedor. Temos muitas firmas que nos estão a comprar o caracol e a enviar para o estrangeiro e, nós também mandamos directamente para a França, para a Suiça, para o Luxemburgo, para a Alemanha e também para Inglaterra”. E para Espanha? “Para Espanha não, porque o espanhol não gosta muito dos produtos portugueses”, respondeu.
A qualidade é a imagem de marca da empresa gerida por Amândio Assis. “Para termos qualidade, temos que fazer a triagem do caracol. Desde o início até ao final da campanha, fazemos sempre a triagem do caracol”, explicou, assinalando que este processo assegura a qualidade do produto final.
A campanha de laboração do caracol começa em finais de Abril, princípios de Maio, e termina no início de Setembro. “Estamos a gastar uma média de 8 a 9 toneladas de caracol por semana. No ano passado, chegámos a gastar 15 toneladas numa semana”, referiu.
O processo de laboração começa com a recepção do caracol vivo, vindo directamente dos viveiros. Inicialmente é feita a triagem e só depois é que vai para abate. Antes de serem cozinhados, os animais passam por uma unidade de lavagem. Depois de cozinhados, são arrefecidos de imediato e colocados em recipientes apropriados (uns para serem vendidos em bares e outros, mais pequenos, para os supermercados), seguindo depois para as unidades de congelação ou de refrigeração.
“A técnica foi toda desenvolvida por nós”, diz com orgulho Amândio Assis, que também conta com a colaboração da esposa, Maria Goreti Gonçalves.
A empresa «Caracol Real» continua a desenvolver novos projectos. Já construiu um pavilhão para armazenagem e tem em andamento a edificação de um Posto de Venda para comercialização dos próprios produtos e de outros da região, que “deverá começar a funcionar no fim do mês”.