O mundo divide-se em duas partes. De um lado estão aqueles para quem a palavra “caracol” é dita com ar de nojo e acompanhada de expressões como “gosma” e, do outro, os verdadeiros apreciadores da iguaria, que contam os meses até que finalmente chegue o primeiro sem a letra r no nome. Boas notícias, estamos em maio.
Rico em proteína, baixo em calorias. Chegou a época do snack perfeito (isto se abdicar da cerveja e de molhar o pão).
O que é isto dos meses sem ‘r’?
Vamos primeiro esclarecer esta questão. Há ou não uma época certa para comer caracóis? Há e começou agora. É em maio que termina o ciclo de criação dos caracóis e até agosto estão no ponto ideal para consumo. Daí que se diga que só existem caracóis nos meses sem ‘r’. Se vir bem, este período contempla maio, junho, julho e agosto.
Não é que não haja caracóis em abril — principalmente em anos com muita chuva, nos quais o caracol cresce mais rápido e a produção começa mais cedo — mas jogando pelo seguro, mais vale esperar pelo dia do trabalhador para pedir o primeiro prato.
Petisco saudável
Tentar juntar na mesma frase as palavras ‘petisco’ e ‘saudável’ quando o tema é comida portuguesa parece difícil. Mas na verdade não é.
A nutricionista Lillian Barros consegue enumerar facilmente alguns pratos que servem para partilhar, sem estragar a dieta. “Berbigão na chapa como é típico do Algarve, por exemplo, ou até mesmo mexilhão ou salada de polvo”, refere. Há ainda os tremoços, ricos em proteína e cujo único cuidado deve ser a quantidade de sal. “Nada que não se resolva com o ato de demolhar antes de comer”, salienta.
Os caracóis fazem parte desta lista, uma vez que por serem constituídos maioritariamente por água tornam-se um alimento aliado de quem quer petiscar sem engordar. É rico em proteína, pobre em gordura, contém sais minerais como o magnésio, ferro e zinco.
E segundo um estudo da Deco, até mesmo os caracóis cozinhados em restaurantes têm um baixo valor calórico: cerca de 100kcal/100g. Isto, claro, se forem cozidos em água e temperados com especiarias.
Mas esta história tinha que ter um vilão a importunar este final feliz, certo? Pois bem, neste caso não é um, mas sim dois: a cerveja e o pão (se juntarmos a manteiga, já lá vão três). É que apesar dos caracóis serem baixos em calorias, não fazem milagres quando à patuscada se junta uma (ou mais) cervejas e cestos de pão para ajudar a aproveitar o molho.
Artigo de MARTA CERQUEIRA - MAAG
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